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Terceiro setor: nem tudo é o que parece ser

Em O canto da sereia – crítica à ideologia e aos projetos do “terceiro setor”, novo livro organizado pelo professor doutor Carlos Montaño, articulistas desvendam que o maior impacto da revolução das ONGs foi burocratizar e desideologizar os movimentos sociais urbanos.

 

Dados do IBGE apontam que, atualmente, existem cerca de 290 mil organizações da sociedade civil, o chamado Terceiro Setor, na ativa no Brasil. De um lado, há quem aposte que elas são a salvação da lavoura. No entanto, longe de serem uma unanimidade entre os pesquisadores, essas organizações e o impacto causado por elas nas esferas político-sociais têm sido motivo de estudo do doutor em Serviço Socialpela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o professor Carlos Montaño. Autor de diversos livros que tratam sobre questões relativas, ele é o organizador de O canto da sereia – crítica à ideologia e aos projetos do “terceiro setor”, lançamento da Cortez Editora.

No título, mais uma vez,Montaño (referência em serviço social sobre o tema terceiro setor) coloca no banco dos réus iniciativas da prática das políticas sociais, tidas, por grande parte da sociedade, como positivas. “Elas são menos um caminho para a solução (da pobreza, do desemprego...), do que fundamentos de uma ideologia que autoresponsabiliza o indivíduo e o culpabiliza pelos seus problemas e soluções e desresponsabiliza o estado do seu dever constitucional com o social, desonerando o capital dos custos com a ação social estatal”, analisa o autor.
Em O canto da sereia, o leitor encontrará textosanalíticos, profundamente embasados, que sustentam os argumentos de Montaño. Da contextualização histórica das ONGs no Brasil a exemplos de movimentos que, na prática, para o autor e outros articulistas que assinam textos do livro, não efetivamente cumprem aquilo a que se propõem. Exemplo disso está no artigo Mudanças climáticas e movimentos sociais ambientais: posicionamentos, contradições, embates. Nele, Rachel Zacharias, autora do texto, aponta como movimentos considerados, no senso comum, como críticos, como o caso do Greenpeace, na verdade demonstram, através de seus posicionamentos em relação às mudanças climáticas, um compromisso com a lógica do mercado, com o capitalismo verde, e expressam interesses de uma determinada classe social.

Destinado, principalmente, ao público acadêmico e a atores e ativistas sociais de comunidades e sociedade civil, o livro analisa criticamente e de forma original a ideologia que existe atrás dos projetos do terceiro setor, defendendo que o maior impacto da revolução patrocinada pelas ONGs, com raríssimas exceções, teria sido o de burocratizar e desideologizar os movimentos sociais urbanos.
Leitura recomendada também para sacudir as estruturas dos saberes fundamentados em ideias opostas aos nele apresentados e abrir os ouvidos daqueles que se deixam levar, facilmente, pelo “canto da Sereia” propagado por muitos movimentos sociais organizados na atualidade brasileira.

Sobre o organizador da obra

Carlos Montaño é doutor em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, Rio de Janeiro, 2001). Graduado em Serviço Social pela Universidad de la República (UdelaR, Montevidéu-Uruguai, 1989). Realizou estudos de pós-doutorado no Instituto Superior Miguel Torga (ISMT, Coimbra-Portugal, entre 2009 e 2010). Autor dos livros, "Microempresa na era da globalização" (Cortez, 1997); "A natureza do Serviço Social" (Cortez, 1998 e 2007); "Terceiro Setor e Questão Social" (Cortez, 2002 e 2005) e "Estado, Classe e Movimento Social" (Cortez, 2010, em co-autoria) e co-organizador das coletâneas: "La Política Social hoy" (Cortez, 2000); "Metodología y Servicio Social hoyen debate" (Cortez, 2001); "Servicio Social Crítico" (Cortez, 2003); "CoyunturaActual, Latinoamericana y Mundial" (Cortez, 2009); e "Conhecimento e Sociedade" (Outras Expressões, 2013). Coordenador da "Biblioteca latinoamericana de Servicio Social" (Cortez). Professor visitante e conferencista em diversos países da América Latina: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, El Salvador, México, Paraguai, Peru, Porto Rico, Uruguai. Foi membro da Direção Executiva de ALAEITS (2006-2008) e Coordenador Nacional de Relações Internacionais da ABEPSS (Brasil, 2008-2010 y 2011-2012). Coordenador do Núcleo de Estudos Marxistas sobre Política, Estado, Trabalho e Serviço Social (PETSS-ESS-UFRJ). 


Sobre a Cortez Editora

A Cortez Editora, há mais de trinta anos atuando comprometida com a Educação de todos, acredita na Literatura como caminho para revelar novos olhares para o mundo e propiciar vivências inesquecíveis aos leitores em formação. Assim, há dez anos traduz ideias e sonhos em livros, editados com beleza e cuidado para encantar crianças, jovens e adultos, compondo nosso segmento de Literatura Infantil e Juvenil. Nosso catálogo já ultrapassa os trezentos títulos, com a participação de novos e conceituados autores e os mais expressivos ilustradores do país, sempre atentos aos temas importantes para a formação cidadã, crítica e reflexiva.


Serviço

O canto da sereia – crítica à ideologia e aos projetos do “terceiro setor
Autor: Carlos Montaño
Preço: R$ 62,00
Páginas: 432


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