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Paula Parisot lança Partir, romance que questiona rumos, partidas e frustrações
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E. L. Doctorow disse que escrever um romance é como dirigir um carro à noite. Você pode ver apenas até onde o seus faróis iluminam, mas mesmo assim consegue fazer toda a sua viagem. O narrador de Partir viaja dessa maneira, e o farol que ilumina o seu caminho é a sua vontade de chegar a um lugar criado pela sua imaginação.
Ele é um homem de meia-idade que já foi um pouco de tudo na vida: garimpeiro, muambeiro, pescador, taxista, revisor de texto e até jogador de futebol. Sem filhos nem mulher, sua única responsabilidade é cuidar de um marreco branco. Logo no início, o leitor percebe que esse homem está cansado da vida e que a única maneira de sobreviver é se lançando numa viagem vertical rumo a um lugar desconhecido. Pede emprestado um carro, deixa o marreco com um amigo e parte. Começa a jornada pelo Uruguai, seguindo por Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia. No caminho, dá carona a um assassino de obesos, tem contato com guerrilheiros das Farc, faz amizade com um traficante de arte pré-colombiana, encanta uma astróloga e vive uma turbulenta paixão com uma adolescente que já matou por amor – sempre acompanhado de muita bebida e das iguarias locais. Assim, criando cenários pouco comuns na ficção brasileira contemporânea, Paula Parisot também oferece ao leitor um vislumbre da cultura de nossos vizinhos.
Escrito com imaginação e uma linguagem que retém o caráter sensual de seus primeiros textos publicados, o romance levanta questionamentos sobre rumos, partidas, amor, frustração e vida – a vida vivida e a vida imaginada.
Partir, de Paula Parisot, tem lançamento previsto para 15 de setembro pela editora Tordesilhas, no Brasil, e em novembro pela editora Cal y Arena, no México. A obra vem acompanhada de desenhos feitos pela autora usando carvão, grafite e nanquim e de uma série de performances.
Performances
Artista múltipla, além da palavra, Paula se utiliza de outras artes para se expressar e criar seu universo ficcional. A obra Partir ganhará uma série de quatro performances, por meio das quais a autora pretende discutir o processo de criação de um livro e o modo como ele pode adquirir múltiplos significados.
Performance 1 – “O significado de Partir” (vídeo-performance, agosto de 2013):Na companhia de um marreco branco, importante personagem do livro, Paula narra a história de Partir tal como ela se lembra. A narrativa começa às 11 da noite e vai até o raiar do dia. No entanto, enquanto se vê a imagem da autora falando, não se pode ouvir a sua voz, pois essa voz está no texto, na palavra escrita, não na sua fala. A direção de fotografia do vídeo é assinada por Gui Mohallem, e de arte por Carolina Beltier.
Performance 2 – “Partir, o objeto” (novembro de 2013): A segunda performance está programada para acontecer no México, na época da Feira do Livro de Guadalajara, quando Partir será lançado em espanhol. Com um longo vestido criado pelo grupo vanguardista nova-iorquino Threeasfour, Paula sentará no chão de um matadouro. Durante toda a performance ela irá furar – ininterruptamente – com as mãos as páginas, o papel, a capa e tudo que está impresso no romance Partir.
Performance 3 – “Partir, o conteúdo” (março/abril de 2014): Esta performance acontecerá no Rio de Janeiro, durante 15 dias. Paula se sentará no chão com o livro Partir nas mãos, a mercê das intempéries do tempo, Paula irá reescrever e reeditar o que já foi impresso e comercializado. Servirá como uma investigação do processo da escrita, do conteúdo e do trabalho do escritor como um todo.
Performance 4 – “Partir, o leitor”: Ainda sem data e local definidos, a ideia desta performance é que Paula fique ajoelhada em frente ao livro, enquanto pessoas escolhem uma página da obra para fazerem o que quiserem – ler, rasurar, rabiscar, rasgar, alterar. Paula permanecerá ajoelhada, observando tudo isso até que se chegue ao fim do livro.
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